O ARTISTA E O CRUCIFIXO
Fixe sua base
Empunhe seu crayon
Posicione sua mão
e seu braço
Inicie por seu
primo traço.
Qual sina?
Qual norte?
Um traço de fuga.
Fuga do algoz
Fuga da morte.
Risque por retas
Infindas.
Rabisque por
curvas
Sucintas.
Trace em
seguida
Por uma espiral,
Que se expande
Do seu centro
Rumo ao
sideral
Risque,
Vai surgindo daí
Uma cruz
Sobre ela um corpo
Que por amar
demais
Brilha coberto de
suor
Contorcendo-se em
dor.
Suavize então
Seu traço,
Pois vai traçar
agora
As nuances do
amor.
Em seguida, força!
Toda a força do
mundo
No traço
Para traçar a
negra noite
Da mais obscura
sensação
Não importa que a base
Se rompa e se
rasgue
Pois tudo que se
rompe
E se rasga,
Renascerá
Pela eterna lei
Da transmutação.
Força, toda a
força do mundo
No traço,
Pois não basta
tingir o cinza
Da humana emoção
Mas, o negro
absoluto
Da paixão.
Preencha agora o
céu
Com o claro e o
escuro
Rogando o perdão
Ao coração mais
puro.
Desenhe a razão
Das alegrias e
das tristezas.
Esboce os
contornos
Das dúvidas e das
incertezas
Trace com sua
alma
A dor,
O desespero,
A oração,
O clamor e o
amor.
Preencha todo o
plano
Com os traços da concórdia
Para que o homem
enfim
Entenda
Que a paz só é
filha
Da misericórdia.
Trace e reze
Reze e ore
Creio em Deus pai
Todo poderoso
E chore.
Chore
Deixe rolar em
sua face
A lágrima
Para que caia
Em sua área aura
Marcando assim
Uma mancha branca
Que representa a
luz do raio
E o estrondo do
trovão.
Que marcarão
eternamente
O exato momento
da morte
O exato momento
Que a lança
transpassa o coração.
Grite, trace e
chore
Finda sua arte.
Mas ainda, se
quiseres,
Podes desenhar
uma flor
Mas primeiro
Desprenda seu
traço
Relaxe e acalme
Pois não existe
mais a dor.
Desenhe então sua
flor
E sorria amigo
Pois Ele nunca
morreu
Ele sempre estará
contigo.
Autor: Ivan Campos


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